quarta-feira, 18 de março de 2015

Daniela Maia - 1ª classificada Concurso Literário António Celestino 2015




Daniela Soares Maia vence Concurso Literário António celestino 2015, no escalão “Terceiro Ciclo”
Daniela, uma menina que apresentou o trabalho aos treze anos e recebeu o prémio aos catorze, já vem habituando aqueles que a rodeiam a não ficarem surpreendidos quando expõe o seu talento de forma tão brilhante.
Mas este concurso não é uma competição fácil e sabia-se que a exigência para os premiados estava num patamar elevado. Mas como ela diz num conto que é um 'grito' para as complicações da adolescência (ninguém entende os adolescentes!!!!, ou será o contrário?!!!), os desafios estão aí, e este, com trabalho e talento, foi superado de forma brilhante.
Parabéns Daniela


"...Primeiro, como todos sabem, estamos a crescer. E toda a gente repara: “Aii, já estás uma mulherzinha”, “Daqui a pouco começa-te a crescer a barba”, “Já és maior que o teu pai”…Hrrrrr! Que raiva! Reparam tanto no nosso crescimento físico mas…e o psicológico?! Nós começamos a ficar saturados com a forma como nos tratam, continua a ser igual...."

(Daniela Maia) in (Só Quero Uma Explicação)

Só quero uma explicação!



Socoorrrroooo! O que é que vou fazer? Por que é que já não gosto das brincadeiras de antes? Por que é que o meu corpo está a mudar? Por que é que penso de uma maneira diferente? Por que é que estou sempre a lembrar-me do sorriso daquele rapaz? Por que é que me isolo tanto? Por que é que…Porquê?
Tantos porquês. Deve ser assim que estão todos a pensar. Sinceramente, nem eu sei a resposta a todas estas perguntas, são bastante simples e ao mesmo tempo bastante complicadas, principalmente para uma menina como eu. Sou uma rapariga de apenas 13 anos e estou a entrar numa fase um pouco mais…como é que hei-de explicar?! Não sei muito bem. Esta fase pode ser interpretada de muitas maneiras diferentes, mas para mim destaca-se num ponto bastante forte: uma nova forma de encarar o Mundo, diferentes expetativas para lidar com a nossa “nova” vida. Como já devem imaginar, eu estou a falar da famosa e conflituosa ADOLESCÊNCIA. Como hei-de conseguir lidar com todas as mudanças pelas quais estou agora a passar? Só quero uma explicação, uma simples explicação.
Sinceramente, nem sei por onde começar. Sempre que penso na adolescência, a minha cabeça mergulha num lugar inundado de coisas boas e más, principalmente más. Mas mesmo assim, vou tentar explicar, de maneira a que tudo se torne mais fácil para mim e para vocês, a vida e a cabeça de um simples adolescente em fase de crescimento, assim como eu.
Primeiro, como todos sabem, estamos a crescer. E toda a gente repara: “Aii, já estás uma mulherzinha”, “Daqui a pouco começa-te a crescer a barba”, “Já és maior que o teu pai”…Hrrrrr! Que raiva! Reparam tanto no nosso crescimento físico mas…e o psicológico?! Nós começamos a ficar saturados com a forma como nos tratam, continua a ser igual. Para os nossos pais somos sempre os bebezinhos dos papás. CRESCEMOS! E foi das duas formas. Só queremos que todos compreendam isso. E depois começam a queixar-se que respondemos mal e que somos mal educados, e é daí que surgem aqueles discursos intermináveis que temos que mudar de atitudes e bla bla bla… sempre a mesma coisa! Mas de certeza que nunca pensaram que estes nossos comportamentos são derivados dos comportamentos deles. Não gostamos de nos sentir controlados e sufocados. Começamos a pensar na liberdade. Sim, na liberdade. Por isso, só queremos que nos deixem viver na nossa, na paz.
Mas claro, também sei que nós, adolescentes, por vezes não temos os melhores comportamentos e reconheço isso, por mais difícil que seja admiti-lo. Eu tenho noção que não deve ser fácil ser pai. Ter o dever de cuidar de um filho, protegê-lo, amá-lo e defendê-lo sem nunca o poder largar. É um “trabalho” complicado.
Quanto àquela “praga” chamada mudanças de corpo, nem sei o que dizer. Ninguém lida bem com ela, é uma coisa constrangedora, mas temos que aprender a lidar, porque vai permanecer connosco para sempre, se o corpo muda não podemos fazer nada contra isso, apenas aceitar a situação. E ainda sobre isto temos os isolamentos dos adolescentes, porque a maior parte das vezes as suas causas são a falta de autoconfiança e a vergonha do seu próprio corpo. Sei que muitos jovens passam por isso, por serem gordos ou magros, gigantes ou minis, muito ou pouco desenvolvidos, várias razões. Só sei que existe este isolamento e não consigo percebê-lo. Felizmente, não sou uma das tantas e tantos adolescentes que passam por isto, mas gostava de entender o porquê de o fazerem. 
Ah! Mas o ponto mais interessante do tema são as famosas paixões…estamos na idade delas. Agora começamos a falar nos rapazes e nas raparigas, nos sorrisos e nos olhares, nos namoros e nas amizades coloridas, na forma de ser do sexo oposto e como nos tratam…reparamos em tudo, principalmente nós, raparigas. Não há nada que nos escape. Cada pessoa tem sempre aquele sorriso favorito e a voz que nos acalma nos momentos mais difíceis, temos uma pessoa que nos fascina de uma maneira desconcertante. Mas eu acho que isso é bom na nossa idade, visto que são estas relações que nos fazem perceber e passar por coisas da vida chamadas desilusões, partilhas, loucuras, safadezas e, claro, a alegria. 
Não sei se os rapazes são como todas nós. Até gostava de saber se eles também levam os sentimentos tão a sério e se se deixam levar por tudo. As raparigas não esquecem nada, tudo o que marcou fica para sempre. Adoramos uma mensagem de bom dia, um abraço forte, um “vai ficar tudo bem” acompanhado de um simples beijo na testa. São as coisas mais simples que mais nos fascinam. Assim como também gostamos de ter sempre alguém para nos apoiar e para estar ao nosso lado e jamais nos abandonar. Mas com esta idade ainda andamos com os namoros às escondidas e com vergonha do outro. Mas é normal, faz parte. Com o tempo aprendemos a perder a vergonha. Depois existe aquela preocupação de quando se tem o primeiro namorado: o primeiro beijo, o beijo que vai ficar para a história. Apesar de ser uma preocupação, é uma sensação bastante engraçada. 
Além disto tudo, as raparigas têm um vício que muito provavelmente é o mais importante: as amizades. Nesta fase, somos muito ligadas às amiguinhas e aos segredos partilhados com elas. Contamos tudo, e quando digo tudo, é mesmo TUDO. Temos uma certa cumplicidade umas com as outras que nos dá a liberdade e o dever de lhes contar o que se passa connosco. 
No meio das amigas existe aquela que nos acompanhou sempre desde sempre que nos ajuda muito mais, a chamada melhor amiga. Sem querer abusar da vossa paciência, quero explicar-vos este sentimento. Para começar apresento-vos a minha melhor amiga: Kika, estes são os meus lindos leitores, queridos leitores, esta é a Kika. 
A Kika é uma das pessoas mais importantes na minha vida: é ela que está sempre ao meu lado quando mais preciso, é ela que me pergunta o que sinto, o que se passa e o que quero a toda a hora e momento, e se querem saber, não é por ser uma chata (o que não quer dizer que não o seja), mas sim porque se preocupa comigo e só quer que eu esteja bem. Somos como irmãs, e como eu costumo dizer “ só não somos irmãs de sangue, porque não há mãe que nos aguente”, é uma grande verdade e eu sei bem do que falo. A Kika é uma pessoa pela qual sinto muito orgulho e devo-lhe uma parte da minha felicidade, porque ela é a menina dos meus olhos e todos os momentos que passamos juntas são inexplicáveis. Foi com ela que eu vivi momentos especiais, alegrias partilhadas, loucuras inesquecíveis, tristezas superadas e conversas intermináveis. É a minha mais que tudo, a pessoa na qual deposito toda a minha confiança sem nunca temer. Adoro-a! 
Depois de toda esta explicação penso que todos conseguiram perceber muito bem o porquê de nós, raparigas, darmos tanta importância àquela amiga que nunca vamos largar. Ela é um ponto de abrigo que nos acolhe a toda a hora. Necessitamos de alguém assim nas nossas vidas.
Com esta confissão, ficaram a saber melhor o que se passa na cabeça de um adolescente, principalmente na de uma rapariga. É nisto que pensamos e é isto que queremos. Mas, mesmo assim, depois de todo este testamento não sei se consegui responder a todas as perguntas iniciais, sinceramente acho que nem a metade. Andei aqui a enrolar tanto em cada subtema que, só agora, é que descobri que não apaguei nenhuma dúvida que tinha. Mas é normal. Até hoje não sei se houve alguém capaz de esclarecer tudo acerca da adolescência. Continua a ser um poderoso mistério e eu quero a chave para o desvendar. Por isso, volto a dizer: SÓ QUERO UMA EXPLICAÇÃO!
(Daniela Maia)

1 comentário:

Anónimo disse...

Só quero deixar um enorme beijo à Daniela...parabéns! Excelente trabalho...e imenso orgulho. Sónia Duarte