quarta-feira, 18 de março de 2015

Margarida Ramos - 2ª classificada no Concurso Literário António Celestino 2015

'Na Pele de Nós Mesmos', foi o título do trabalho apresentado pela Margarida Ramos que lhe valeu uma distinção muito honrosa no exigente Concurso Literário António Celestino 2015 no escalão Terceiro Cíclo. 
Margarida Ramos é uma menina nada e criada bem no coração de Porto d'Ave e, apesar da sua tenra idade, neste trabalho que apresentou revela uma faceta bem adulta pela percepção que tem daquilo que a rodeia e, pela forma como a coloca no papel, não há dúvida que temos escritora.
Parabéns Margarida.  

"...Ainda sou muito jovem mas a cada dia que passa vou colhendo momentos, aventuras, delírios, tontices que guardo com muito carinho no meu baú. Tenho pessoas na minha vida que fazem com que o meu sol brilhe com mais intensidade. Tenham a certeza de que só se vive uma vez."
(Margarida Ramos) in 'na Pele de Nós Mesmos'


Na pele de nós mesmos…

É preciso coragem para enfrentar tudo e todos, temos medos que não nos compreendam por algo que tenhamos feito ou até mesmo por aquilo que somos. Cada um tem a sua história e cada um pensa por si, mas também temos sempre algo que escondemos dos outros ou uma faceta que temos medo de mostrar (até os mais egoístas, racistas e machistas têm um segredo que guardam consigo e que são enterrados com ele nos abraços).
Tudo aquilo que temos de bom gritamos ao mundo para que ele nos possa ouvir e abraçar e tudo aquilo em que acreditamos corremos atrás porque só os mais fracos é que não resistem a pressão de ser livres e de sentir na pele aquilo que gostam. Todos nós temos sonhos por concretizar, mas, por vezes, basta um dia menos bom para deitar o sonho abaixo mas se isso realmente acontecer é porque nunca foi um sonho verdadeiramente nosso, (e só às inseguranças e ao medo é que nós nos temos de agarrar para poder continuar vivendo num sonho que um dia vai ser nosso e que nunca deixou de ser).
A vida não só é feita de sonhos como também é feita de dias maus e de tristezas, por mais que nos custe eles existem e por mais que não queiramos eles chegam sem avisar. Não há solução possível para a tristeza profunda, nem para palavras que nos estragam o dia perfeito, mas há sempre alguém com um sorriso do lado de fora do nosso quarto quando não estamos bem e por mais que não nos resolva o problema tira-nos o sorriso da cara com simples verdades.
Uma das grandes verdades da vida é o amor. O amor pelos nossos pais, pelos nossos amigos e até mesmo por alguém que já nos despertou uma paixoneta. O amor pode ser o maior antídoto à face da terra, só precisamos de saber cuidar dele, porque se ele não for o que procuramos então não vale nada. 
Com os nossos amigos é o mesmo. Durante a vida vamos ganhando amigos e vamos perdendo outros, vamos também descobrindo que uns são nossos amigos para o seu próprio proveito e que, na realidade, nem sequer querem saber de nós. Esta atitude deixa-me profundamente angustiada, pois pensar que pessoas a quem damos tudo, a quem confiamos a própria vida e que vemos como um exemplo a seguir são uma fachada e não passam de uns fingidos. Fazer esta afirmação não é correto, uma vez que eles podem estar sempre a esconder alguma coisa e não serem verdadeiramente assim, nós só temos é que saber viver com isso e mostrar-lhes o que realmente são e dizer-lhes que não preciso pôr uma ‘máscara’ só para se fazerem de fortes porque ninguém é forte ou corajoso o suficiente para fingir durante toda uma vida ser uma pessoa que não é…
Mas no final de contas, o mais doloroso da vida é quando perdemos alguém que nós muito gostamos. Não há muito tempo eu perdi o meu avô, ele era uma pessoa fundamental na minha vida, como todos os avós são. No momento em que eu o perdi, eu senti que a minha vida tinha acabado e que fiquei sem chão para sempre. É normal esse sentimento. Não foi uma parte de mim que morreu, mas foi uma parte de mim que o meu avô levou consigo.
Quando soube que o meu avô tinha partido vivi os minutos mais dolorosos da minha, ainda curta, vida. Nunca me tinha acontecido perder alguém assim tão querido, sinto que desde ai me tenho vindo a perder pelo caminho, apesar de ele ser um bocadinho rigoroso, ele era, acima de tudo, um homem de exemplo, muito amado por todos. E eu perdi-o…
Contudo, apesar de tudo o que eu passei e senti não vejo nenhum motivo para passar o resto da minha vida a chorar ou a recordar uma pessoa que eu nunca mais vou ter de volta, eu sou muito nova ainda, tenho muita coisa para viver. Nunca devemos deixar nada para trás porque um dia podemos ter que vir a remendar uma coisa que já devia ter sido remendada há anos.
Querem saber, apesar de tudo vou continuar a fazer as coisas que me fazem sentir bem a companhia das pessoas que admiro. Daqui a uns anos vamos recordar memórias inesquecíveis. Quero rodear-me apenas de gente boa, gente que me faz bem, gente como eu que, com toda a simplicidade, vive e não sobrevive.
Ainda sou muito jovem mas a cada dia que passa vou colhendo momentos, aventuras, delírios, tontices que guardo com muito carinho no meu baú. Tenho pessoas na minha vida que fazem com que o meu sol brilhe com mais intensidade. Tenham a certeza de que só se vive uma vez.

FIM

(Margarida Ramos)



1 comentário:

Anónimo disse...

Só quero deixar um enorme beijo à Margarida...parabéns! Excelente trabalho...e imenso orgulho! Sónia Duarte