segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Órgão de Tubos do Santuário N. S. Porto d'Ave


Instrumento Musical do século XVIII, digno da nossa reverência não só pela sumptuosa sonoridade que tem para nos oferecer, mas também pelo fascínio que nos contagia através das mais variadas expressões artísticas manifestadas na sua construção e decoração, como a Arquitectura, Escultura e Pintura, que exibem ainda maior esplendor ao realçar sobre um Painel de Azulejos Joaninos da mesma época, combinando harmoniosamente na majestosa tela que preenche todo o interior do Santuário. 
Estando familiarizados com a música sacra, é no interior das igrejas, sobretudo da época barroca, que podemos encontrar estas magníficas Obras de Arte, mas a sua amplitude vai muito além do serviço que presta ao culto religioso e importa salientar a sua relevância enquanto promotor cultural.
  O Santuário de Nossa Senhora do Porto d'Ave está imponentemente adornado não apenas com um, mas com dois Órgãos de Tubos que deslumbram frente a frente nas paredes laterais junto ao coro; mas durante as Invasões Francesas, os oficiais das Tropas de Napoleão, na impossibilidade de ficar indiferentes perante tão inaudita Obra de Arte, ordenaram aos seus soldados que procedessem a uma pilhagem; na sequência deste acto abominável executado por esses infames intrusos, apenas um ficou operacional. 
   Após um longo período de dificuldades financeiras aliadas a alguma incompreensível ausência de sensibilidade pela importância desta preciosa herança, também esse chegou a um estado de degradação quase irrecuperável e foi já na década de oitenta que foi alvo dum meticuloso restauro, tanto na vertente mecânica, tornando-o funcional, como na recuperação e pintura da sua talha, beneficiando desta intervenção de embelezamento também aquele que ficou apenas com a função decorativa a servir de “pendant”.   A Real Confraria de Nossa Senhora do Porto d’Ave era presidida nessa altura pelo Senhor Raul Ramos Maia, que já não se encontra entre nós. Sendo-lhe reconhecida uma enorme dedicação nas causas da terra que o viu nascer, a recuperação deste Património Religioso e Cultural é na minha opinião o seu mais marcante legado. Uma forma de demonstrar a nossa gratidão e prestar homenagem a este grande benemérito das várias instituições que albergam o distinto nome Porto d’Ave, seria que pelo menos uma vez por ano o Órgão de Tubos abrilhantasse uma Eucaristia em sua memória, porque há certas coisas que não nos devíamos esquecer...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Recomeçar


2011 começou e a vida das nossas instituições tem várias tarefas pela frente para dar continuidade à defesa e promoção do Grande Nome Porto d'Ave. Para aqueles que todos os dias trabalham nesse sentido deixo um Poema de Miguel Torga com uma mensagem de "Querer" e "Remar" mesmo quando a maré nos contraria.

Recomeçar

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga