sexta-feira, 1 de abril de 2011

Porto d'Ave Acorda Vestido de Branco

Na manhã de hoje Porto d'Ave acordou perante um enorme nevão e ninguém ficou indiferente a este fenómeno climatérico que deixou a nossa aldeia ainda com mais encanto. Apesar de o avistarmos a neve com regularidade em zonas muito próximas tantas vezes repetimos Invernos sem que os nossos Terreiros sejam palco de tão magnífico espectáculo, e desta vez a surpresa foi ainda maior por este episódio ter decorrido já depois da Primavera ter chegado.

É ainda bem cedo e já todos foram contagiados por uma grande alegria e as brincadeiras não escolhem idades. A zona envolvente do nosso Santuário já está invadida por uma tribo de bonecos de neve feitos por crianças e adultos, todos maravilhados com este manto branco com que a mãe natureza nos presenteou.E é num dia assim que nos recordamos dum lindo Poema de Augusto Gil, ele que viveu na encosta da Serra da Estrela e tantas vezes acordou perante a magia deste cenário maravilhoso.

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?

Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!

E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,

primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!

Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação

entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

Augusto Gil

3 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Não te esqueças de pôr isso direitinho, "Minda" a negrito e tudo...

Tília Maior disse...

A Administração do Blogue informa que este post não passou de uma brincadeira de Primeiro de Abril, portanto pedimos desculpa aqueles que se agasalharam e saíram de trenó para a rua. Um abraço a todos e para o ano há mais.