'A
Cartola das Mil maravilhas” é o título do trabalho
realizado por Mariana Vale, uma menina de 11 anos que começa a
não ser surpresa quando o seu nome brilha, e até já foi distinguida a nível nacional deixando-nos a todos cheios de orgulho, sobretudo aos seus pais 'babados', e mais uma vez aparece em grande com uma excelente participação no Concurso Literário
'António Celestino' 2014.
A
cartola das mil maravilhas
O
meu avô António tinha uma antiga loja de magia na baixa
da cidade. Era muito velha e poeirenta e ele era o único que
lá trabalhava. Faleceu recentemente, há aproximadamente
três anos. Foi completamente devastador!
Antes
de falecer, andava à procura de outro gerente. Fez entrevistas
a várias pessoas, mas só uma tinha as capacidades e
qualidades necessárias para aquele trabalho. Ninguém o
conhecia muito bem, de onde vinha ou a sua história de vida.
Contudo andei a investigar. Numa noite de lua cheia, segui-o até
a um beco escuro, e descobri que ele não era uma pessoa
vulgar, era especial. Saltou para dentro da sua velha cartola e foi
como o jogo do cuco: ora cá estava, ora já cá
não estava! Fiquei boquiaberta! Como é que tal coisa
era possível?! Mas continuei a segui-lo.
Uau!
Foi a única palavra que eu arranjei para descrever aquele
mundo lindo, maravilhoso! Se o meu queixo não estivesse preso,
já tinha caído ao chão! Ai! Era tão
perfumado e mágico… havia muitas estrelas, muitos animais...
Era o mundo perfeito! Cheio de baloiços, de diversão e
de outras crianças com quem eu podia brincar. Mas como é
que tudo aquilo cabia dentro de uma cartola velha e rasgada? Foi
então que vi um castelo gigantesco! Parecia de princesas! Até
havia um dragão que cuspia fogo! Ao explorar aquela terra
mágica, encontrei um outro mágico. Ele era muito
diferente do novo gerente. Este mágico era divertido e
engraçado como um palhaço, enquanto o outro era muito
contido e reservado. Avisou-me para ter cuidado pois aquele mundo
tinha muitas artimanhas preparadas. Eu tive sempre muito cuidado, mas
como diz o ditado: todo o cuidado é pouco!
De
repente, apareceu-me um passarinho que parecia muito normal até
começar a falar como um ser humano! Que mundo misterioso! Ele
chamou os seus companheiros e quando dei por mim, estava a voar…a
voar muito alto, a uma altitude de mil maravilhas! O que estou eu a
dizer?! A uma altitude de mil metros. Sentia-me a “Alice no país
das maravilhas”, mas em vez de perseguir um coelho, era um bando de
pássaros que me perseguia a mim!
De
repente o chão começou a tremer, e num ápice…
puff! Já estava fora da cartola. Fui imediatamente para casa
contar aos meus pais e à minha irmã, que estavam
raladíssimos comigo, o que se tinha passado. Mas eles não
acreditaram.
A
notícia espalhou-se, e foi passando de boca em boca. As
vizinhas beatas, todas a cochichar, comentavam o quão maluca
eu era. Que descaramento! Só sabiam meter o nariz onde não
eram chamadas!
Ninguém
acreditava em mim e toda agente me olhava de canto. Sentia-me
frustrada, pois sabia que tinha razão!
Só
depois me apercebi que um mundo perfeito só existe nos sonhos
ou nas histórias que os adultos contam às crianças…
tudo o que eu vivera tinha sido uma mera ilusão, mas ainda
hoje acredito que há uma cartola das mil maravilhas.
(Mariana Vale)
1 comentário:
Parabéns, Mariana! Gostei de ler o texto e por isso foste escolhida. Sou a professora bibliotecária do Agrupamento, Rosa Sousa da secundária, e fiz parte do júri. Continua a escrever e a ler, pois ambas as atividades se complementam e dão bons frutos. Um bjinho, Rosa
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