quinta-feira, 10 de abril de 2014

Suzete Fraga - Vencedora Concurso literário António Celestino 2013


  Suzete Fraga é uma pessoa que vem habituando aqueles que tem acesso ao que escreve, a não ficarem surpreendidos pela genialidade que demonstra numa área tão difícil de ser notada como é a literatura, onde deixa bem claro um enorme talento dividido entre a criatividade da mensagem e a forma como a estende no papel, onde prende quem lê desde o primeiro parágrafo até ao último ponto.
  Não gosta de aparecer na primeira fila, mas a simplicidade não lhe rouba a magia que tem no bico da esferográfica, e se este ano apresentou um trabalho merecedor dos maiores elogios, com o título "Tortura Silenciosa" foi no ano passado que surpreendeu os mais desatentos, quando o seu nome soou ao ser anunciado o vencedor  do Concurso Literário António Celestino 2013, na classe 'Público em Geral', com um conto cujo título é " De que é feita a Luz"

E para que não haja dúvidas nas minhas palavras, publico aqui os dois contos, e desejo a todos uma boa leitura: 

De que é feita a luz?

O dia despertou misteriosamente, envolto num nevoeiro cerrado. Aquela camada densa ofuscava a claridade matinal, sendo impossível adivinhar o tempo que faria naquele sábado.
Meio atordoada, agarrei-me à rotina do costume; duche, pequeno- almoço e os afazeres domésticos. Enquanto isso a televisão pigarreava as desgraças habituais, ou era a crise, ou um avião que caiu, um terramoto não sei onde… enfim, nada que fizesse aquecer a alma depois de mais uma semana de trabalho igual a tantas outras.
Os gestos mecânicos do dia-a-dia tinham-me deixado num estado amnésico. Esquecera-me de como era ficar parada a ver um pôr-do-sol. Já não prestava atenção ao chilrear dos passarinhos mal despontava a alvorada. As quedas de água do rio que passava ali perto, há muito que tinham deixado de transmitir tranquilidade, na verdade acho que já nem as conseguia ouvir.
Farta de mim mesma, peguei nas chaves do carro e saí. Não tinha nenhum destino traçado, talvez nem saísse dali. Ficaria quieta a ouvir música. Ao fim de dez minutos, a saltar de emissora em emissora decidi finalmente arrancar. Precisava de ver gente, de sentir calor humano, de dar um abanão na minha vidinha rotineira.
O centro da cidade pareceu-me uma boa opção, cheio de movimento, mil e uma maneiras de passar o tempo e sensações novas para experimentar.
Nem cheguei perto. Havia percorrido um ou dois quilómetros quando uma senhora idosa me chamou a atenção. Estacionei um pouco mais à frente e pensei em algumas palavras para meter conversa.
A senhora estava ajoelhada, de olhos postos na imagem de São Cristóvão.
Uma vez ao pé dela não consegui proferir uma única palavra. Ajoelhei-me também, como que solidária com o sofrimento alheio e rezei por ela. Queria que as minhas orações lhe atenuassem a dor.
Algum tempo depois decidiu quebrar o silêncio e perguntou:
_Também perdeu alguém?
_Oh, não! Respondi. _Estava à procura de algo.
Fiquei a pensar naquilo. Se tinha perdido alguém, porque vinha para ali, em vez de estar junto do túmulo do seu ente querido?
O nevoeiro teimava em não arredar pé e já estava a entranhar-se nos ossos. Sugeri, então, que descansássemos um pouco no carro e depois poderia dar-lhe boleia até casa.
_Para casa não, por favor! Cada canto, cada objecto, faz-me lembrar que o tempo se esgota como a areia de uma ampulheta.
_Bem, se há tempo, há esperança. Alguma coisa deve poder fazer!
Com a voz trémula foi desabafando…
_Sabe, o meu Simão sofreu um acidente de automóvel. Ficou em coma desde então e, amanhã, as máquinas serão desligadas. Não sei o que fazer, uma mãe não está preparada para aguentar tamanha dor. Queria poder trocar de lugar com ele.
_Compreendo o seu desespero, ainda assim, acho que no seu lugar, manteria a esperança até ao último minuto. E é isso mesmo que vai fazer! Vai para junto dele, segure-lhe a mão e fale-lhe com o coração. Diga-lhe porque tem de voltar, o que ainda falta fazerem juntos. Recorde-lhe os bons momentos que passaram, as dificuldades que venceram, e sobretudo, o quanto ele é amado. Às vezes basta uma voz familiar, um gesto, para que o milagre aconteça. Se não resultar, fique grata por cada minuto da sua existência, por não ter ficado nada por dizer, por ter tido oportunidade de se despedir...
Chegámos ao hospital. À medida que se aproximava do quarto, as pernas ficavam mais bambas. Podia ouvir o seu coração aflito, batendo descompassadamente.
Não sei como arranjou forças para caminhar. Eu fiquei especada no corredor. O cheiro a desinfectante e todo aquele silêncio mórbido deixaram-me paralisada.
Vivemos, fazemos planos a longo prazo e não temos noção de como a vida é frágil. Num instante, absorvidos pelo trabalho, no minuto seguinte, dependentes de máquinas para respirar.
E se fosse eu, estaria preparada para partir à pressa?
Teria uma bagagem digna de se ver ou, tinha-me limitado a ver o tempo passar?
Iria lutar como um touro, por mais um dia que fosse ou, deixar-me-ia levar sem dar luta?
Estaria sozinha ou, haveria alguém a rezar por mim?
Seria lembrada? De que modo iria ser recordada?
De repente, a minha mente foi bombardeada com questões para as quais, eu não tinha resposta.
Respirava, é certo, mas isso até uma máquina conseguia fazer! Qual era o meu papel no mundo, teria nascido tão insignificante ao ponto de ser uma inútil?
Subitamente, vejo um entra e sai de batas brancas e os olhos daquela mulher a jorrar água, parecia as Cataratas do Nicarágua.
Foi o Simão. Sentira o frio da medalha de São Cristóvão e encontrara o caminho de volta.
Aí respirei de verdade, pensei estar a receber oxigénio pela primeira vez na vida.
Cá fora, o nevoeiro dissipara-se para dar lugar a um lindo dia de sol, bem como a escuridão que me envolvia.
Os acontecimentos desse dia mudaram para sempre o rumo da minha vida. Ganhei uma nova família e comecei a fazer voluntariado nos cuidados intensivos, juntamente com a dona Aurora, a mãe do Simão. Há demasiadas pessoas à procura de uma luz ao fundo do túnel; se estiverem acompanhadas, é bem mais fácil encontrá-la.
Os dias do Simão são agora mais calmos. Trocou a advocacia pelo turismo rural. O negócio prosperou bastante, graças aos cozinhados da dona Aurora e aos produtos provenientes da quinta.
Porém, o crescimento não se ficou só pelos negócios. Matilde está grávida de oito meses! O jovem casal escolheu o nome de Cristóvão se for menino e Vitória, se for menina.
Eu, como madrinha, não poderia estar mais de acordo!



(Suzete Fraga)

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Tortura silenciosa


Se ela soubesse o que sabe hoje, não teria feito comentários infelizes sempre que lia ou ouvia notícias sobre violência doméstica. Não teria apelidado as vítimas de pobres de espírito. Não teria dito: “havia de ser comigo”. Não se atreveria a achar que se apanhavam é porque gostavam; não tinham as luas todas, de certeza.
Estava a anos luz de poder imaginar o sofrimento a que essas pobres almas estão sujeitas. Era impensável que um ser humano pudesse ser maltratado, humilhado, reduzido a nada e, ainda assim, ter a capacidade de desculpar, de minimizar os danos, de perdoar vezes sem conta.
Se soubesse... Esta história seria diferente.
Era uma manhã como outra qualquer: a caminho da clínica veterinária, música aos berros e dedos a tamborilar no volante, seguindo o ritmo de Madness_ o melhor tema dos Muse, na sua opinião.O telemóvel toca; àquela hora só podia ser uma urgência, portanto: toca a atender. O Bambino do Sr. Tomás voltou a saltar a vedação de arame farpado, o maroto. De tão concentrada que estava nem se apercebeu da Operação Stop, junto à rotunda. Institivamente, atira o telemóvel para os bancos de trás e claro, semelhante proeza só podia resultar numa repreensão daquelas; nem o diabo se lembraria de tanto!
 Mas o que é que importa um rombo na carteira quando se tem à frente um metro e oitenta de farda, olhos cor de azeitona e bronze a fugir para o chocolate?
Sentia as asas de mil borboletas a roçar no estômago. A sua intuição dizia-lhe que o sentimento era recíproco afinal, mostrou particular interesse pelos dados pessoais e combinou uma hora para passar na esquadra, mais tarde.
Mal podia esperar...
Uma vez na clínica, esclarece o motivo do atraso à sua sócia e amiga confidente.
_ Vamos que te sai um tarado na rifa?_ alertou-a. Um com stress pós traumático ou com a mania da força bruta... tu vê lá!
Não. Não estava a ouvir; o homem podia ser o Bin Laden em pessoa que não faria a menor importância. O amor tem destas coisas.
À hora marcada comparece: toda aperaltada, sem a bata branca que habitualmente envergava durante as horas de expediente. Tanto aprumo e tantas expectativas e o que vê? Um velho, gordo e barrigudo, ainda por cima, mal humorado.
_ Bolas, cento e vinte euros para o lixo e nem tenho direito a brinde!
Frustada e decidida a esquecer o assunto, lá regressou ao trabalho... Se calhar é uma nova táctica da PSP: contratam sósias do Brad Pitt e do George Clooney para as multas não serem tão dolorosas, à primeira vista.
Dias depois...
Domingo: às dez e meia toca o telemóvel do trabalho, ninguém merece! De todos os inconvenientes que a profissão acarreta, este era o pior: disponibilidade total, vinte e quatro sobre vinte e quatro horas. Passou na clínica, levou alguns fármacos para intoxicações alimentares, dado que os sintomas indicavam uma possível gastroenterite. Chegou ao local, seguindo o GPS, já que ela tinha um péssimo sentido de orientação. Enquanto aguardava que lhe viessem abrir a porta, calçou as galochas e prendeu o cabelo com um elástico; uma perfeita totó! Sim, deve ser essa a palavra certa... O “garanhão” que a deixou pendurada na esquadra estava ali; lindo de morrer, mesmo à civil e ela... de galochas!
Esforçando-se por manter uma postura profissional perguntou pelo paciente. Não podia ser aquele labrador frenético, sempre aos pulos e de cauda a abanar de contentamento.
_ Na verdade, parece que melhorou bastante entretanto mas, já que cá está, pode fazer-lhe um check-up, por via das dúvidas.
O falso doente cooperou muito bem com a doutora, menos cooperante estava o Átila, um dobermann, a espumar pela boca e a exibir a sua dentição assassina... “ Não há cães maus, maus são os donos. Não... há cães maus, os donos é que não”. Fogo, este homem tolda-me o discernimento!_ pensava ela. Felizmente, a consulta limitava-se ao Pombo (o labrador) este sim: dócil e brincalhão. Com um estalar de dedos, o Átila ficou estático, não voltou a mexer um músculo, sequer. Estava a perturbar o grande momento_ o verdadeiro motivo da chamada_ a declaração do ano! Seguiram-se mensagens, flores, jantares, mais encontros, cama, mais mensagens (não necessariamente por essa ordem). Meia dúzia de meses depois já dividia as gavetas, bem como a casa de banho: duas escovas para os dentes, máquina e creme de barbear, aftershave, etc.
Viveram um conto de fadas até o Sr. Agente fazer questão de oficializar a união, na igreja, cinco anos mais tarde. Selaram a união com o anel, jurando diante de Deus, amor e fidelidade até que a morte os separasse.Um dia de sonho, o sonho de qualquer mulher; precisamente o dia em que se vislumbra um futuro cor-de-rosa, sem a mais pequena nódoa de tristeza. O plano maquiavélico, delineado ao mais ínfimo pormenor, estava em marcha; anel no dedo: propriedade minha. Ponho e disponho como bem entender, literalmente.
Subtil, como uma raposa começa a arquitetar o afastamento da vida profissional e social da mulher. Argumentos bem estruturados tipo: “Não precisas de trabalhar, ganho o suficiente para nos sustentar” ou “Esquece os jantares de mulheres, quero-te só para mim”.
            Quando se apercebe é tarde demais, está numa jaula e o pior… é que permitiu que a enjaulassem; barra por barra, todas elas com permissão.
            Não sabia muito bem quando fora a última vez que teve contacto com o exterior. Ocasionalmente, acompanhava o marido, ele gostava de exibir o seu troféu amestrado. Fora essas saídas precárias, não havia nada digno de registo, até as compras eram efetuadas sob a vigilância apertada do “paizinho”.
Um dia, enquanto ele estava no duche, ligou o computador e distraiu-se a pesquisar um tratamento inovador para a deuteranopia_ uma anomalia da visão que interfere com a cor verde; licença sem vencimento não significava propriamente estagnação de conhecimentos.
_ Demoras? _ Ouviu-o a perguntar.
_ Não, mais cinco minutos.
Quais cinco minutos quais quê? Irrompeu escritório dentro, bateu-lhe com a cabeça no computador. De seguida arrastou-a pelos cabelos até ao quarto, usou-a como quem usa um boneco de vodu e por tê-lo feito esperar desligou o aquecimento e algemou-a ao radiador, a noite inteira. Não lhe adiantaram de nada as lágrimas, as súplicas ou os pedidos de desculpa, quando recuperou os sentidos já o sol ia alto. O covarde retirou-lhe as algemas e disse:
_Não saias de casa.
A primeira reação, mal ouviu o carro a arrancar foi juntar algumas roupas e pôr-se a milhas. Porém, o ordinário antecipara-lhe os movimentos: as chaves do Audi tinham desaparecido, o telemóvel estava submerso em água dentro de um copo, o computador destruído. Deixou ao menos o comando do portão. Bonito… até esse pormenor foi pensado de modo a tornar a situação mais cómica, para ele. Cá fora, o Átila vigiava obsessivamente a porta _deve tê-lo ido buscar ainda de noite. Jamais passaria por ele e, gritar no meio do nada, também não serviria de muito. Durante dois dias, não entrou em casa. Passava por lá, sim, para alimentar a sua máquina assassina, altamente treinada, por sinal. Ignorou o bife com tranquilizante. Uma tentativa frustrada para o distrair, nem sequer pestanejou, o raio do cão.
            Ao terceiro dia, sempre se dignou a dar um ar de sua graça, embriagado de tal maneira que nem se incomodara a limpar as marcas de batom da cara…
            Só queria acordar daquele pesadelo. Completamente perdida, não sabia o que pensar. Se calhar a culpa era dela; devia estar mais atenta às necessidades do marido, mimá-lo mais, não o provocar…
            E tentava com todas as forças: amava-o por demais e quando se ama vence-se qualquer obstáculo, achava ela.
            A tristeza provocava-lhe um aperto no peito e ia aumentando, obstruindo a garganta. Ocasionalmente conseguia ingerir uns goles de água_ uma exigência do organismo para evitar falência. Só queria deixar-se ir, que a dor acabasse de vez.
            _Podíamos ir à missa… que dizes? _ Sugeriu-lhe a medo.
            Precisava de fazer as pazes com Deus, buscar consolo, ajuda Divina… qualquer coisa.
            _Vai tu, mas não demores! Vós, mulheres, deveis pensar que tendes o rei na barriga. Vá, vai… desaparece!_ disse-lhe ele em tom áspero.
            Na igreja só repetia: Deus acaba com o meu tormento. Deus acaba com o meu tormento… Não ouviu as leituras, nem o sermão do padre. Soube que a missa estava acabada quando os bancos foram ficando vazios novamente. No banco de trás, uma amiga confirmava as suas suspeitas; o vestuário não cobrira todas as nódoas negras e a porta do frigorífico era incapaz de fazer tal coisa. Sem qualquer aviso dirigiu-se à esquadra para apresentar a sua denúncia. Violência doméstica é um crime público. Qualquer cidadão pode e deve denunciar estas situações. Quem tomou nota da ocorrência deu “andamento ao processo” com um telefonema de aviso para o colega Silva. Num momento, estava prestes a servir a vitela assada, no momento seguinte encontra-se no hospital com aquele ser desprezível a beijar-lhe a mão, a que não estava engessada, lavado em lágrimas de crocodilo. Cada lágrima que lhe caía no corpo era como ácido a corromper-lhe a carne. E a conversa de chacha provocava-lhe náuseas. Não sabia como viver sem ela? Pois, em quem iria bater durante o internamento hospitalar? Sim, maxilar, punho e duas costelas fraturadas requerem internamento hospitalar. Que chatice!
            Porém, no meio de tanto azar… uma nesga de sorte. Durante uns tempos estaria segura; rodeada de médicos e enfermeiras, o pior que podia acontecer era uma reação alérgica provocada pelos inúmeros ramos de flores_ tanta flor, só nos cemitérios em dia de Finados. Foram nove semanas repletas de promessas, desculpas e mais promessas. Caía tudo em saco roto até que houve uma (a mais grave de todas) que fez uma faísca tão grande, mas tão grande, que reanimou os poucos neurónios sobreviventes: “ Vou fazer-te tão feliz quando me deres um filho!” _ Prometeu com safadeza.
            _ Um FILHO?! Não, não estás a entender. Eu vou contar-te um segredo; não sei se já ouviste falar em pentobarbital… pois bem, certo dia fui chamada para ajudar um cavalo, estava ferido de morte. O dono, desolado, implorou que lhe acabasse com o sofrimento. Foi o que fiz. A seringa ainda ia a meio e já não havia ritmo cardíaco. Potente, não é? Agora, mas agorinha mesmo, vais à MINHA CASA e sublinho MINHA CASA e retiras todos os teus pertences. Levas o Átila (o desgraçado não tem culpa do dono que tem) mas leva-o. Limpa muito bem o teu ADN nojento das minhas coisas e desaparece. Leva também a argola que me enfiaste no dedo, os álbuns do casamento… tudo! Ah, deves-me um computador e um telemóvel. Não te preocupes com as chaves do Audi, eu mando fazer outras, tanto para o carro como para casa; quero fechaduras à prova de vermes. Diz-me, percebeste tudo? Ou precisas de um desenho com a letra P?
             Podia ter acabado de assinar a sua sentença de morte, mas não importava. Soube tão bem! Soube mesmo bem!
 Felizmente, os ratos sabem quando devem abandonar o navio. Foi a última vez que o viu. Eclipsou-se no ar, ele e os dois camaradas que “tomaram nota da ocorrência”.
            Ela, sem nome, (podia ser: Marta, Maria, Joana, Albertina, Bárbara…) era apenas um número, mais um, que jamais voltaria a ter uma vida normal.
             O cabelo passou a ser curto, cinco centímetros, no máximo. Dormir? Só com uma almofada por cima da cabeça, a protegê-la. Telemóveis? Nem que a casa estivesse a arder voltaria a atender um, ao volante.

Príncipes encantados? Isso… Isso são histórias da Carochinha.

(Suzete Fraga)

1 comentário:

Unknown disse...

A Suzete escreve de uma maneira deliciosa, sobre temas atuais e pertinentes com uma acutilância extraordinária e uma crítica irónica singular. Continue a fazer o que deve fazer um bom artista, aperfeiçoar-se sempre. :)